A humanização proporcionando qualidade aos ambientes de saúde

Publicado em: 07/04/2017

* Paula Mesquita Zampiva Tigre

No contexto hospitalar a cura, antes relacionada exclusivamente ao tratamento médico, com o tempo vai ganhando influências de ordem comportamental e arquitetônica, mostrando que o controle sobre a eficiência de um tratamento não está somente vinculado à ação do médico ou ao cumprimento rigoroso das prescrições por parte do paciente, mas também ao ambiente em que o tratamento é efetivado.

Pesquisas apontam para a ligação do emocional das pessoas com o adoecer e indicam que ações curativas devem ser desenvolvidas em ambientes que promovam a redução do estresse e envolvam os sentidos de modo terapêutico.

Assim, as edificações hospitalares construídas para promover a saúde e a vida, e concebidas para amparar e tratar o ser humano, devem ser as primeiras a se comprometer com a eficiência, a sustentabilidade, a humanização e o bem-estar dos usuários.

Atualmente, o termo humanização é utilizado na saúde quando o profissional observa o doente como uma pessoa inteira; além de valorizar o cuidado em suas dimensões técnicas e científicas, reconhece os direitos do paciente, respeitando sua individualidade e sua autonomia, sem se esquecer do reconhecimento do profissional também enquanto ser humano, ou seja, pressupõe uma relação sujeito/sujeito.

Na arquitetura, a humanização busca canalizar a necessidade humana por ambientes enriquecedores, vivos e saudáveis, enfatizando a relação de escala homem-edifício, valorizando o verde, o conforto e as variedades espaciais.

Um grande exemplo prático dessa visão humana nos serviços de saúde é a Clínica Mayo, referência em saúde nos Estados Unidos, que enquanto a maioria das instituições coloca a tecnologia e os processos hospitalares em primeiro lugar, ela investe na relação humana com o paciente e seus funcionários.

Para promover o sentimento de bem-estar, os ambientes são planejados com o intuito de parecerem um refúgio da vida atribulada, preservando o silêncio, luz natural do dia, conexão com a natureza e distrações positivas como a música, por exemplo. O objetivo dos arquitetos é criar espaços físicos que permitam mitigar o estresse de seus ocupantes, em vez de acentuá-lo.

Veja algumas fotos da Clínica Mayo:

 

 

 

 

 

 

Portanto, a humanização em saúde assume o caráter de um ambiente de cuidado através da capacidade de combinar o valor técnico com o valor ético, no sentido de fortalecer as relações humanas e melhorar a qualidade de vida.

 

Fonte das imagens da capa e do texto: http://damonfarber.com/projects/healthcare/mayo-clinic-expansion/, http://hga.com/work/mayo-clinic-health-system


 

Texto escrito por Paula Mesquita Zampiva Tigre, Arquiteta e Urbanista graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, Linha de Pesquisa: Sustentabilidade – Edificações, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. MBA em Construções Sustentáveis e Especialização em Arquitetura Hospitalar. Professora no curso de graduação e no curso de Especialização da Fasaúde – IAHCS. Atua como coordenadora de projetos no escritório Badermann Arquitetos. Tem experiência na área de Arquitetura Hospitalar, com ênfase em Arquitetura Sustentável.

Priscilla Bencke

Arquiteta, pós-graduada em Arquitetura de Interiores, se especializou em Projetos para Ambientes de Trabalho na escola alemã Mensch&Büro Akademie.

Única profissional no Brasil com a certificação “Quality Office Consultant”.

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