* por Visão Estratégica
Qual a importância da ERGONOMIA e da LEGISLAÇÃO TRABALHISTA em ambientes de trabalho?
Arquiteta e administradora explicam como investir na saúde e segurança do trabalhador para evitar processos judiciais em ações trabalhistas
Investir em ambientes estratégicos é melhorar diretamente o desempenho dos profissionais além de garantir resultados financeiros positivos e, na maioria dos casos, evita problemas com a saúde do colaborador. A ergonomia, por exemplo, defende e valoriza o trabalho por meio de regras que asseguram o pleno desenvolvimento humano no ambiente profissional. Segundo a arquiteta especialista em ambiente de trabalho, Priscilla Bencke, a principal função da ergonomia é garantir saúde e segurança no trabalho. “A partir desse conceito são definidos uma série de questões do ambiente corporativo que garantem que o colaborador daquela empresa trabalhe de forma saudável, prevenindo possíveis doenças”, salienta a especialista.
Poucas pessoas usam, de fato, os recursos disponíveis pela ergonomia. Dessa forma, Priscilla explica que é importante que o funcionário tenha ciência dessas normas. “Essas normas visam diretamente o bem estar dos colaboradores, sendo assim, necessário ter conhecimento sobre a legislação”, enfatiza.
No Brasil, no ano de 2016 ocorreram 226.892 mil afastamentos por questões de saúde no trabalho. Segundo a administradora Michelle Souza desses números, 25 mil foram por motivos de fratura no nível do punho da mão, o que pode ser oriundo de uma tendinite, consequência disso para a maior parte de pessoas que trabalham de frente ao computador. A administradora ainda conta que 15.624 mil pessoas se afastaram por problemas e dores na coluna. “Esses dados demonstram claramente a falta de investimento das empresas para a prevenção de doenças ocupacionais”, salienta Michelle.
Principais itens que compõem a ergonomia
No Brasil, há a NR-17, uma norma regulamentadora que trata exclusivamente sobre ergonomia. A NR-17, publicada pelo Ministério do Trabalho e do Emprego estabelece que todas as empresas cumpram com as normas em função do colaborador. O principal objetivo é estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. “A Legislação Trabalhista e Previdenciária junto à Ergonomia são extremamente importantes para o ambiente corporativo e se aplicam há vários fatores que impactam diretamente na saúde do trabalhador”, afirma Michelle.
Para isso, cabem às empresas realizarem a análise ergonômica do trabalho, abordando, no mínimo, as condições do local de atuação conforme especifica a norma regulamentadora. A NR-17 ressalta que uma das maiores doenças do trabalho é desenvolvida a partir da exposição ao risco ergonômico que muitos trabalhadores passam como, por exemplo, trabalhos realizados em pé durante toda a jornada, esforços repetitivos, levantamento de cargas e monotonia. Além da saúde do trabalhador, o empregador deve estar consciente de que o desconforto do trabalho pode gerar baixa produtividade para as empresas e processos trabalhistas pelo desrespeito à saúde do colaborador.
De acordo com Priscilla Bencke, nesta norma constam quatro elementos que são considerados principais, entre eles: características do mobiliário, iluminação cumprindo as NBRs (Normas Brasileiras), padrão de acústica e, por fim, a climatização que vai definir a temperatura e umidade do ar a serem seguidos.
6 ERROS utilizados no ambiente corporativo fora das normas de regulamentação:
1 – Estética. Para Priscilla, investir apenas na parte estética de um projeto para ambiente de trabalho é um grande erro e faz as ‘normas’ serem esquecidas, o que pode trazer vários problemas futuramente.
2 – Investir somente em área de recepção e sala dos diretores. As normas são disponíveis para todos os profissionais que compõem a empresa. Dessa forma, todos os espaços devem ser readequados de acordo com elas. “Na hora de reformar e se investir numa mudança do ambiente é preciso considerar também a área dos colaboradores, pois eles também são parte da empresa e produzem grande parte do conteúdo”,ressalta Priscilla Bencke.
3 – Escritório estilo Google. A arquiteta recomendanão adotar o estilo Google para a empresa se o perfil do ambiente corporativo não corresponde a esse método descontraído. “Só projete um espaço estilo Google se a cultura da empresa, suas atividades e o perfil dos usuários for coerente com a ideia”, complementa.
4 – Adquirir mobiliários fora das normas. Existem muitos equipamentos que não atendem as normas que precisam ser seguidas. Ou seja, muitas pessoas buscam por alternativas mais baratas em função do custo, mas que não valem a pena. “Por exemplo, se acontecer alguma ação trabalhista, vai ser cobrado o laudo em conformidade com as normas que devem ser seguidas”, exemplifica a especialista.
5 – Não contratar profissionais qualificados para elaborar um projeto. Priscilla conta que muitos profissionais não possuem especialização em ambiente corporativo e, dessa forma, não sabem quais são as normas que precisam ser cumpridas. Por isso, os projetos focam apenas nas questões estéticas. “Para iniciar um projeto de readequação de espaço tenha sempre um profissional qualificado especialista em ambiente de trabalho para executar as normas corretamente”, complementa.
6 – Não informar os colaboradores ou estimular os cuidados com a saúde. Normalmente, as empresas investem num ambiente mais propício para a saúde e segurança do trabalhador, mas poucos colaboradores tem essa noção. A especialista aconselha que todos os “benefícios” sejam explicados, por exemplo, como regular a cadeira, como sentar de forma correta, como utilizar suportes para notebook, entre outros.
Ação preventiva
Investir na ação preventiva em função das normas evita afastamentos por questões de saúde, o que, automaticamente, evita (auxilia na redução, não evita a redução) uma redução de custos para a empresa. Também evita possíveis processos judiciais em ações trabalhistas. “Se uma pessoa é demitida por algum motivo e procura um advogado para ação trabalhista pode acabar ganhando, pois são poucos os escritórios que cumprem a legislação. Sendo assim, as normas são muito favoráveis ao colaborador”, complementa Priscilla.
Os profissionais precisam ser saudáveis emocionalmente, psicologicamente e fisicamente. Os ambientes precisam ser projetados de forma aconchegante e há muitas alternativas para isso, sendo possível investir no uso estratégico das cores, nos elementos naturais, nos suportes, entre outras opções. “Um colaborador que tem e absorve os recursos necessários para a sua saúde e bem estar, vai se sentir muito mais motivado para produzir, ou seja, nesse caso a empresa sai ‘ganhando’ por investir naquele funcionário”, enfatiza Michelle Souza.
Mais sobre Priscilla Bencke
Especialista em projetos para Ambientes de Trabalho, consultora internacional de Qualidade em Escritórios, graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS e pós-graduada em Arquitetura de Interiores pela UniRitter Laureate International Universities. É responsável pela Bencke Arquitetura e atua nas áreas de consultoria, projeto e execução para empresas que buscam a produtividade através do bem estar e qualidade de vida aos colaboradores. Fundadora do conceito Qualidade Corporativa: Smart Workplaces, sendo a organizadora da agenda de eventos em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre sobre a arquitetura e neurociência.
Mais sobre Michelle Souza
Michelle Souza, administradora, pós-graduanda em Direito e Processo do Trabalho e Direito Previdenciário, membro do Comitê de Consultorias PGQP/RS, treinadora e multiplicadora certificada pelo CEFINT. No mercado há mais de 15 anos, possui sólidos conhecimentos em administração de pessoal e suas rotinas, bem como em auditoria e consultoria trabalhista e previdenciária, tendo atuado em grandes empresas de auditoria. Atualmente é responsável pela consultoria MS Soluções Trabalhistas.
* Conteúdo produzido pela Visão Estratégica Comunicação (www.visaoestrategica.com.br)
Arquiteta, pós-graduada em Arquitetura de Interiores, se especializou em Projetos para Ambientes de Trabalho na escola alemã Mensch&Büro Akademie.
Única profissional no Brasil com a certificação “Quality Office Consultant”.
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