Mercado corporativo: o futuro dos ambientes de trabalho é agora 

Publicado em: 26/08/2020

MERCADO CORPORATIVO: O FUTURO DOS AMBIENTES DE TRABALHO É AGORA 

 Especialistas alertam sobre a necessidade da inovação, criatividade e automação para adaptar os ambientes à nova realidade e necessidades dos colaboradores

 

Neste conteúdo vamos reunir quatro, das 15 lives do “SW Conference – Edição Especial Live”, que aconteceram de 03 a 18 de agosto com foco no mercado de trabalho do futuro. O evento, realizado pela “Qualidade Corporativa – Smart Workplaces”, empresa que tem à frente Priscilla Bencke, arquiteta especialista em neurociência aplicada à arquitetura, foi transmitido num formato 100% online e gratuito.

Entre os palestrantes convidados para essas quatro lives, que trazem as principais transformações do ambiente de trabalho na pós-pandemia, estavam Roberta Santiago da Easy Office Consultorias de Arquitetura; Lula Gouveia da Superlimão; Maria Tereza Barbo da MTB Arquitetura; Leandro Augusto da Automatize; Roberta Hodara da JLL; e a jornalista Stela Campos do Jornal Valor Econômico.

E para iniciar o debate foi destacado o fato de que nada do que está acontecendo no mercado corporativo hoje é inteiramente novo. Segundo os especialistas, parte das mudanças exigidas para o período da pós-pandemia já faziam parte dos projetos de muitos anos atrás. No entanto, devido ao uso das novas tecnologias e dos novos conceitos para ambientes de trabalho, tais necessidades foram colocados em segundo plano.

Além disso, outra parte das demandas pós-pandemia também traziam certa resistência por parte das empresas, como o formato home office,  pelo  receio de que poderia “não funcionar”. Mas a pandemia trouxe um cenário obrigatório, no qual todos tiveram que se adaptar para que os processos passassem a ser utilizados. E em poucos meses as transformações foram aceleradas. O que provavelmente levaria 10 anos para acontecer tornou-se possível em apenas cinco meses.

E para a surpresa de muitos, apesar dos contratempos de trabalhar em casa, num momento de emergência e sem estrutura, o modelo de trabalho obteve resultados extremamente significativos e que surpreenderam muitas empresas, a ponto delas entregarem suas edificações para adotaram o home office. E houve quem optou pelo formato híbrido, ou seja, menos pessoas pessoalmente nos espaços físicos com rodízio as estações de trabalho, parte em casa e parte na empresa.

Com essas transformações acontecendo será possível notar muitas mudanças. Algumas vão precisar ser ajustadas, vão exigir cuidado e atenção, conhecimento técnico porque são seres humanos, sejam eles em casa ou no trabalho. Mas o lado positivo também se fez presente, em especial na redução de custos.

Talvez esses recursos financeiros que antes eram usados pela empresa na locação do espaço, por exemplo, agora sejam repassados para adaptar o ambiente dos colaboradores que vão trabalhar em casa, proporcionando algo mais confortável e ideal para trabalho.

O que já pode-se observar em algumas movimentações de mercado é que na pós-pandemia os escritórios não vão aumentar seus tamanhos e nem acomodar todos os colaboradores novamente num mesmo mesmo espaço físico. A adaptação para o home office, apesar de parecer complicada no início porque muita gente não estava preparada ainda, trouxe um resultado muito significativo. Por isso, voltar ao modelo antigo seria um retrocesso, segundo os especialistas destas quatro lives.

 

MUDANÇAS TRAZEM AVANÇOS

Além disso, toda mudança profunda traz avanços, como a possibilidade da pessoa em home office ter mais momentos em família, conseguir mais tempo para cuidar da saúde e bem-estar. É importante lembrar que quanto melhor a qualidade de vida dos seus colaboradores, mais felizes eles estarão e, consequentemente, haverá uma produtividade melhor. O ambiente em que se era trabalhado, nunca foi a principal preocupação dos líderes.

Na pós-pandemia isso também mudou e as pessoas, o ser humano atrás de cada crachá  passou a ser o centro de tudo. Com essas novas demandas da pós-pandemia as empresas vão estar mais abertas para transformar os ambientes deixando a estética de lado e valorizando a qualidade de vida e bem-estar nos espaços. A boa arquitetura, na verdade, preza pela locação, caminho do sol, ventilação cruzada e iluminação natural.

E antigamente tínhamos um quadrado fechado, com ar condicionado, com todos os funcionários sem ventilação natural. Esse cenário acabava favorecendo a proliferação de doenças. Esses conceitos que trazem as mudanças necessárias para se adaptar à pós-pandemia possuem muitos benefícios e só estão sendo absorvidos agora, que há uma maior conscientização por conta da Covid-19, uma vez que a transmissão é menor ao ar livre e em ambientes abertos e ventilados.

 

AUTOMAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 

A automação dos escritórios é algo que está vindo para facilitar o dia a dia de muitas pessoas. A inteligência artificial passa a ser, cada vez mais, uma opção para que o controle do ambiente seja feito através de comando de voz e sensores, tornando-se parte da rotina das pessoas. Desta forma, há um cuidado a mais com a iluminação, aparelhos eletrônicos, qualidade do ar e temperatura do ambiente, uma vez que esses itens interagem diretamente com quem frequenta o espaço.

O ar, segundo o palestrante convidado Leandro Augusto, engenheiro eletricista especializado em automação, talvez seja um dos fatores mais importantes. Hoje a automação, segundo ele, vem como sensores para esses ambientes, para poder trazer como recurso para os gestores das empresas qual é a qualidade de ar que os colaboradores estão respirando.

As luzes já estão sendo uma opção automatizada, além de acender e apagar com um comando de voz, existem aquelas que se adaptam de acordo com o horário do dia e com a quantidade de luz que é preciso em cada situação, além de auxiliar no preparo das salas de reuniões.

Há sensores que conseguem ainda detectar quantas pessoas estão naquele ambiente, que entendem quando tem ou não alguém no local. Dessa forma, caso seja necessário sair às pressas e tudo acabar ligado, o sistema percebe que aquela sala está vazia e tudo é desligado automaticamente. Sem contar que auxilia na redução de custos com energia que não teria utilidade num ambiente vazio.

Essa automação auxilia os líderes também sobre a umidade do ambiente. Por sua vez, os sensores de janela também são importantes poque ajudam a avisar que não houve renovação do ar daquele ambiente, uma vez que a renovação tem que acontecer frequentemente.

 

WORKPLACE DESIGN

Os ambientes de trabalhos futuros devem passar por adaptações que melhorem a produtividade dos funcionários. O grande problema que está acontecendo é que muitos estão refazendo todo um projeto em cima da hora por conta da mudança e urgência da pós-pandemia. Mas é preciso muito cuidado porque não vai funcionar e vai sair extremamente caro.

São várias pessoas envolvidas com diversas funções diferentes e que precisam de tempo para que tudo seja desenvolvido com eficácia. Os escritórios não vão simplesmente sumir e todos vamos fazer home office a partir de então, pelo contrário, os escritórios são essenciais para a socialização, que aliás é uma necessidade do ser humano. Todos nós precisamos de uma boa conversa, conhecer pessoas e ter contato ‘olho no olho’.

 

O PAPEL DOS NOVOS LÍDERES

Para começar as mudanças, a liderança precisa ser entendida, as empresas precisam ter uma conversa particular com o líder para explicar detalhadamente a cultura da empresa e o funcionamento. Também será fundamental entender os pensamentos que o líder tem sobre o ambiente e sobre os funcionários que ali trabalham, as emoções dessas líderes e como eles voltaram dessa pós-pandemia, o que vivenciaram.

Em seguida, deve-se desenvolver um programa de necessidade, uma pesquisa com os colaboradores para entender o que eles precisam naquele ambiente, o que eles gostariam que tivesse e fosse melhorado. Será importantíssimo ainda o cuidado com a ergonomia no espaço de trabalho e no home office, por isso existiram empresas que desenvolveram kit home office, para atender as necessidades emergenciais dos funcionários.

Outro detalhe importante nesse cenário é o espaço de descompressão para que os funcionários relaxem um pouco, se distraiam daquilo que os pressionam e consigam voltar mais tranquilos e produtivos.

Aqueles escritórios antigos, com biombos e separações, não devem voltar como muitos pensam, é provável vermos mudanças consideráveis, sim, mas com distanciamento maior entre as pessoas, com espaçamento de mesa e cadeira diferentes, um modelo do qual não estamos acostumados a ver, mas não criando biombos de 1,60 de altura entre uma pessoa e outra.

Os espaços do futuro vão parecer um pouco mais “casa” do que antes com essas adaptações, espaços diferentes e mais confortáveis, onde será possível o funcionário escolher se precisa estar em uma bancada de trabalho com mesa e computador ou se pode desenvolver seu trabalho numa sala com sofá. Essa flexibilidade vai trazer mais conforto, inclusive psicológico, e tornará o ambiente mais agradável, deixando as pessoas mais felizes para desenvolverem os compromissos do dia.

 

NOTÁVEIS DIFERENÇAS: PRÓS E CONTRAS 

Durante toda a adaptação da pandemia e do home office, uma pesquisa realizada pela Universidade de Washington apresentou que as mulheres perderam 5% do horário de trabalho em home office, ou seja, 2 horas por semana exatamente pelo fato de precisar conciliar todas as tarefas de casa e do trabalho.

Em comparação de mudança, podemos observar o quanto as reuniões foram afetadas pela pandemia. Ao mesmo tempo que ganhamos com tempo de deslocamento, perdemos com socialização e boas conversas, aquele café antes da reunião, um pequeno happy hour para descontrair, antes ou depois da reunião. Agora vemos como é mais objetiva e mais rápida, chegam a ser marcadas a cada 1 hora.

As pessoas começam a trabalhar e perdem a noção do tempo. Ficar em casa constantemente nos faz esquecer até dos dias da semana em que estamos, podemos trabalhar no sábado e nem percebemos. Caso não tenha uma janela perto de onde realizamos as atividades, em casa, o dia passa, a noite passa, e nem percebemos há quanto tempo estamos ali, sem nem levantar para as necessidades fisiológicas.

Vai ser necessário ter um equilíbrio de horário e de trabalho, para que não cause problemas aos colaboradores. Importante dizer que a mudança repentina de rotina é complicada, nosso cérebro demora algum tempo até se adaptar e perceber que aquele é seu novo ambiente de trabalho, que aquela é sua mesa e sua cadeira. Depois da adaptação, o cérebro entende que, “ok, é aqui que vou trabalhar agora”.

As iniciativas das empresas de tratarem sobre transtornos mentais e depressão se tornou mais presente, algo que antes não era tão discutido como é agora. E será cada vez mais necessário e importante não porque as mudanças vão trazer apenas problemas, mas porque o centro passa a ser o ser humano. E tanto o líder quanto as empresas precisam conhecer também de seres humanos.

 


* Conteúdo produzido pela Visão Estratégica Comunicação (www.visaoestrategica.com.br)

 

Quer saber mais sobre este e os demais assuntos das LIVES do SW Conference – Edição Especial: Cenários e Oportunidades do Mercado Corporativo Pós-Pandemia?

BAIXE AGORA NOSSO EBOOK 100% GRATUITO, com os principais insights do evento em https://www.swconference.com.br/ebook

Priscilla Bencke

Arquiteta, pós-graduada em Arquitetura de Interiores, se especializou em Projetos para Ambientes de Trabalho na escola alemã Mensch&Büro Akademie.

Única profissional no Brasil com a certificação “Quality Office Consultant”.

X