Mercado híbrido: como se preparar para uma nova era 

Publicado em: 25/08/2020

 MERCADO HÍBRIDO: COMO SE PREPARAR PARA UMA NOVA ERA

Especialistas abordam como a mudança de comportamento e os impactos psicológicos da pandemia devem nortear as relações de trabalho 

 

Para esse debate com foco nas relações corporativas, e que aconteceu durante as duas semanas de “SW Conference – Edição Especial Live”, de 03 a 18 de agosto, realizado 100% online e gratuito pela “Qualidade Corporativa – Smart Workplaces” foram convidados Maria Tereza Barbo da MTB Arquitetura; Ernane Nardelli da Jacó Coelho Advogados; Cíntia Mello da Duo Arquitetura e Design; e Gabriel Carneiro da Gabriel Cordeiro Costa Educador Emocional 

Durante estas lives, os especialistas debateram a importância da compreensão, primeiramente, sobre a diferença entre teletrabalho e home office. O teletrabalho é algo regulamentado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com base no artigo 75º, de 2017, e é totalmente feito à distância. Por sua vez, o home office não tem uma regulamentação jurídica e não precisa estar descrito em contrato. Além disso, pode acontecer ainda de forma híbrida, ou seja, parte na empresa e parte à distância. Essas são as principais diferenças entre os dois modos.  

O formato “home office” já vinha há muito tempo sendo pensado como alternativa para muitas companhias, especialmente as que são da área de tecnologia. Mas boa parte das corporações ainda tinham receios sobre os efeitos desse modelo de trabalho e seus resultados. Com a pandemia, o home office tornou-se obrigatório e todos tiveram um rápido processo de aceleração para se adaptarem a esse modelo. E funcionou! 

O caminho agora é as empresas se prepararem melhor para dar continuidade a esse formato e oferecer estrutura para quem vai continuar no home office, como investimento para que a pessoa tenha internet adequada em casa, a possibilidade de salvar arquivos e compartilhar documentos salvos em nuvem etc. Os escritórios devem fazer urgentemente uma análise de como é o ambiente de trabalho dos seus colaboradores em casa, inclusive levar em consideração questões de ergonomia e preparo psicológico para que possam desempenhar as atividades. 

É de extrema importância que os líderes forneçam aos funcionários qualquer tipo de equipamento necessário para que o trabalho seja bem realizado. O formato do home office deve ser uma alternativa inteligente para contribuir com mais eficácia e produtividade, e não ao contrário, ou seja, causando problemas ao colaborador.  

O advogado Ernane Oliveira Nardeli explica, por exemplo, que “a preocupação que todo mundo tem que ter primeiro é a ergonomia. Porque não basta simplesmente colocar o funcionário para trabalhar em casa se ele não tem uma cadeira de qualidade, uma mesa de qualidade. Ele pode desenvolver uma doença ocupacional. Ele tem que criar vários mecanismos, como a ginástica laboral. Há vários links dedicados que você pode orientar os seus funcionários a fazer. Formalizar isso, criar um código padrão de ergonomia, de saúde ocupacional para esses colaboradores. E fazer com que eles cumpram”. 

 

HORÁRIO DE TRABALHO NO HOME OFFICE  

Além disso, é importante deixar claro aos colaboradores, que mesmo estando em casa, eles têm um horário para “entrar” e “sair” do trabalho. E deve-se definir um horário para que eles não fiquem horas ali à disposição da empresa e além do que são pagos. Se possível, vale a pena a companhia pensar no colaborador em primeiro lugar e permitir que ele próprio se adapte ao melhor horário de trabalho, que defina suas pausas a partir do seu melhor horário de produção. 

É um momento novo, todo mundo está aprendendo e vai se adaptar junto, descobrir o que funciona e o que precisa ser ajustado. Por isso, um outro ponto fundamental do gestor deve ser a saúde mental do colaborador, que vai estar em casa, sem muita socialização, muitas vezes com problemas financeiros na família e consequências de uma pandemia que ainda afeta muitas famílias. Então, são muitos fatores psicológicos envolvidos e que precisa ser considerado para não impactar no desempenho do colaborador.   

Os acordos, portanto, devem ser individuais, estabelecidos caso a caso, cada funcionário tem um custo diferente do que vai ser necessário. A recomendação dos especialistas é que nos contratos sejam incluídos todos os valores envolvidos, como impostos, equipamentos e estrutura necessária para que ele desenvolva o trabalho em casa de maneira eficaz e para que ele se adapte ao novo formato sem mudar a rotina pessoal que tinha antes e sem gerar custos extras ao colaborador. 

A questão da segurança de dados também é um dos fatores preocupantes para as empresas. A solução adequada é que a companhia disponibilize uma pessoa especializada em TI (tecnologia) para oferecer suporte aos colaboradores que estão em casa, seja para programar o computador, auxiliar sobre como proteger os dados que vão circular virtualmente, especialmente no caso de bancos. Inclusive a recomendação é que os funcionários assinem também um termo de informações confidenciais.  

 

ACIDENTES DE TRABALHO EM CASA

Outro ponto que merece atenção são os acidentes de trabalho. Mesmo estando em casa, os especialistas alertam que eles devem ser considerados, sim. Se o funcionário está em casa e se machuca fazendo algum tipo de serviço relacionado ao trabalho, deve ser comprovado pelo colaborador e a empresa deve assumir as medidas e a responsabilidade diante do acontecimento.  

Outro cuidado que vale a pena a companhia investir é em fisioterapia, que provavelmente será necessário, afinal, podem surgir dores e alguns problemas musculares com essa adaptação ao home office. Então, os líderes devem lembrar constantemente os colaboradores da necessidade de fazer alongamento de vez em quando, bem como orientá-los sobre como cuidar da saúde nos momentos de trabalho, mesmo estando em casa.  

 

COVID-19 NO AMBIENTE DE TRABALHO 

Os funcionários que alegarem o contágio pelo Covid-19 no ambiente de trabalho deverão comprovar o acontecimento, segundo os especialistas desses painéis durante a maratona de lives. No entanto, é de responsabilidade da empresa enviar máscaras e álcool em gel para seus funcionários e provar que os protocolos foram todos realizados. 

 

RELAÇÕES DE TRABALHO NA PRÁTICA  

Quando falamos em home office, uma das principais preocupações das empresas é a produtividade dos colaboradores e o controle sobre os resultados. Mas neste caso, e até estabelecendo uma relação de confiança, é fundamental ter procedimentos bem claros. Nós já vimos que funcionou durante a pandemia, então é criar ajustes para deixar essa experiência ainda mais eficaz e melhor. 

Uma das principais dicas dos especialistas quando se fala em relações de trabalho na pós-pandemia é deixar de lado esse controle do empregador. O objetivo deve ser, a partir desse novo modelo de trabalho, a qualidade de vida do colaborador e uma produtividade a partir do que funciona para cada um. É compreender o cenário individual deles para encontrar, assim, a melhor forma dele trabalhar, bem como de ter saúde e bem-estar para desempenhar as atividades. 

Raiva, insegurança, brigas, estresse, acúmulo de tarefas pessoais, convívio com as mesmas pessoas ou convívio com nenhuma são sentimentos que muitos estão compartilhando neste momento. Ninguém está vivendo uma fase diferente. O mundo todo está enfrente junto vulnerabilidades, novos modelos de comportamento, todos estão tendo experiências individuais, em cenários diferentes, mas todos estão passando pelo mesmo momento e muitas das dificuldades são as mesmas.  

A recomendação dos especialistas é que precisamos ser mais empáticos para passar por todas as crises pessoais, internas e do mundo. Incentivar e ajudar os colaboradores a não retrair suas vulnerabilidades, não ter receio de mostrar as dificuldades. Mostrar a eles que pedir ajuda pode ser o melhor caminho para criar relações sólidas entre a empresa e o colaborador.  

Democratização nas empresas é algo que deve acontecer mais a partir deste momento. Isso não quer dizer que não haverá mais líderes e que todos vão decidir o que querem fazer. Mas que deve haver uma mudança de mentalidade sobre a democratização, permitindo que todo mundo tenha voz. Claro, o líder vai tomar a decisão, mas todos serão ouvidos. 

 

ÓCIO CRIATIVO

A partir dessa nova mentalidade, é fundamental que o líder passe a compreender também que deixar o colaborador à vontade para estabelecer a própria rotina de trabalho não quer dizer que está ocioso. Pelo contrário, com isso você faz as pessoas aumentarem o senso de responsabilidade sobre a própria vida e o desempenho no trabalho. Democratizar, destacam os convidados da maratona de live, não é todo mundo estar feliz com todo o serviço, mas, sim, juntos, buscarem os melhores caminhos, afinal, são seres humanos e cada um tem sua própria experiência de vida, conhecimentos, habilidades e dificuldades. 

E o cenário pós-pandemia intensificou as emoções, tanto para o lado bom quanto para o lado ruim, seja para quem se sentiu melhor com o home office por ter mais tempo para buscar qualidade de vida, ou por quem se sentiu muito sozinho, por exemplo.  

 

RETORNO AOS ESCRITÓRIOS

Quando voltarem para os escritórios, os líderes também vão precisar estar preparados para liderar colaboradores que terão particularidades intensificadas, afinal, talvez tenham desenvolvido novas habilidades, novas dificuldades. Não se pode esperar que os colaboradores retornem, sentem em suas cadeiras e produzam como se nada tivesse acontecido, é necessário desenhar uma experiência. 

Os líderes devem dar um voto de confiança aos colaboradores a partir do momento que abrirem espaço para que sejam mais autônomos no cenário atual. Quando você dá autonomia, consequentemente você confia na pessoa, você sabe que ela é capaz. Como resultado, o próprio colaborador passa a acreditar mais em si mesmo. 

Apesar do instinto do líder ser a “cobrança antecipada”, ter medo de que não cumpram já não será mais eficaz. Isso deve ficar um pouco de lado. O líder do futuro vai dar a autonomia e, caso não aconteça como o esperado, vai realinhar a rota. 

 


* Conteúdo produzido pela Visão Estratégica Comunicação (www.visaoestrategica.com.br)

 

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Priscilla Bencke

Arquiteta, pós-graduada em Arquitetura de Interiores, se especializou em Projetos para Ambientes de Trabalho na escola alemã Mensch&Büro Akademie.

Única profissional no Brasil com a certificação “Quality Office Consultant”.

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