O IMPACTO DA FELICIDADE NA LIDERANÇA DO FUTURO
Seres humanos no centro dos negócios e o bem-estar dos colaboradores como ativo econômico das empresas
Um dos temas mais desejados na Universidade de Harvard é justamente uma disciplina que ensina felicidade. E não poderia ser diferente no “SW Conference – Edição Especial Live”, que aconteceu de 03 a 18 de agosto e foi realizado 100% online e gratuito pela “Qualidade Corporativa – Smart Workplaces”. A empresa é a idealizadora da maratona de lives que aconteceu ao longo de duas semanas tendo como tema central debates sobre “Cenários e Oportunidades do Mercado Corporativo Pós-Pandemia”.
Dentre as lives mais esperadas estava a que falaria sobre “felicidade”, um sentimento que pode trazer inúmeros benefícios para a saúde e qualidade de vida dos colaboradores e, consequentemente, impactar nos resultados da companhia. Atualmente, a felicidade é uma das principais dores enfrentadas pelas pessoas devido a dificuldade de gerenciar esse sentimento em meio a um cenário de pandemia, perdas de vidas e crise econômica afetando famílias em todo o mundo.
Quem falou sobre o assunto foi Carla Furtado da Feliciência com a moderação de Priscilla Bencke. Nesse texto você confere também outro tema de grande interesse na maratona de lives, que foi a participação de Edu Marcondes da Great Place to Work Educação, comandada por Thais Trentin da Workplace Arquitetura Corporativa.
FELICIDADE NO TRABALHO NÃO É UM CONCEITO CONCRETO
Para iniciar o painel de Carla Furtado sobre felicidade, ela fez questão de ressaltar que o termo “felicidade no trabalho” já não faz mais sentido com a nossa realidade. Isso porque para ter qualidade de vida, as pessoas sofrem as influências de vários fatores. Então, quanto mais felicidade na vida (e não apenas no trabalho), menor será o número de casos de transtorno mental e maior será o engajamento no ambiente de trabalho.
Dados da revista científica “The Lancet” mostram a importância de focarmos no ser humano nesse momento e o quanto o cuidado com a saúde mental vai fazer a diferença no futuro. Isso porque segundo pesquisas, algumas sequelas podem aparecer em até dois anos após a quarentena. Por isso, analisar o impacto econômico da infelicidade mental pode ser extremamente importante. Será uma emergência colocar o ser humano no centro de tudo.
Carla lembra ainda que não se pode pensar em customer experience sem lembrar do employee experience. É o momento de tirar alguns assuntos das “tendências” e alocá-los para urgência. Colocar o ser humano no centro tem um impacto no caixa da organização, e na performance da empresa. Para se ter uma ideia, os Estados Unidos gastam, por ano, cerca de 300 bilhões de dólares em decorrência do estresse no trabalho, com afastamento de colaboradores. Falta, portanto, expertise nas companhias para contabilizar o custo da infelicidade.
Segundo pesquisa da Universidade de Oxford, o primeiro fator de impacto no bem-estar, dentro do ambiente de trabalho, é o relacionamento, ou seja, as relações. Por isso, a recomendação é preparar os gestores para que desenvolvam a habilidade da conexão humana, que saibam se conectar com seus times, bem como com as pessoas entre si.
E pensar em atividades online não quer dizer que são melhores ou piores que o presencial porque existem muitas formas de se explorar as plataformas digitais para promover conexões. Um dos fatores que contribui é fazer sessões online com câmera aberta, uma vez que aproxima muito mais, permitindo identificar as emoções de cada um pelo olhar, pelo sorriso.
Quando estiverem em grupos virtuais, por exemplo, o líder pode colocar isso em prática deixando que os colaboradores falem mais e ele menos, recomenda Carla Furtado. Isso porque o time precisa de espaço para falar. Mas isso só será válido se tiver uma escuta de qualidade e essa é outra habilidade que os líderes do futuro precisam desenvolver.
As empresas devem compreender de vez que o bem-estar do time é um ativo econômico da empresa e o líder é responsável por isso. Há no momento uma escalada de doenças mentais e o cérebro está fazendo uma curva de aprendizado de 5 anos em 5 meses.
COMO RETOMAR AOS AMBIENTES DE TRABALHO?
O retorno, segundo os especialistas que debateram sobre esse tema na maratona de lives reforça que as pessoas não podem voltar ao trabalho e produzir como se nada tivesse acontecido. O recomendado é desenhar uma experiência para que esse retorno seja afetivo, que afete positivamente.
E esse acolhimento começa com atitudes simples, como um case recente de empresa que entregou um bilhete aos colaboradores com orientações de cuidados com a saúde, mas de uma forma diferente: “Volte para casa, retire o sapato, mas não esqueça de entrar com o pé direito”. Fazer um mapeamento das emoções, para entender como esses colaboradores vão voltar, como estavam durante o período de isolamento e criar experiências vai ser fundamental.
Antes as empresas buscavam produtividade, agora elas querem engajamento. E isso exige entender o ser humano por completo. Não tem como deixar os problemas na porta da empresa. É preciso trabalhar internamente com o time e os colaboradores o mito de que falar de saúde mental é uma fraqueza.
É necessário eliminar o que causa sofrimento porque isso é contra a rentabilidade, contraproducente, é contra tudo o que as empresas lutam para alcançar. O segredo está em educar as pessoas para a felicidade socioemocional trabalhando a habilidade, empatia, compaixão, altruísmo, bondade e resiliência.
Quando as pessoas são ouvidas e fazem parte da empresa de forma integral, elas devolvem compromisso e lealdade. Colocamos o termômetro nessas pessoas quando elas entram num ambiente, mas precisamos colocar o termômetro na alma delas também.
GESTÃO DO FUTURO DEVE CRIAR VÍNCULOS DE CONFIANÇA
De acordo com Edu Marcondes, Great Place to Work Educação, historicamente as empresas são geridas por “comando controle”, mas ele reforça que essas não são as melhores empresas e nem as que trazem mais resultados. Nesse momento desafiador que a humanidade enfrenta, criar vínculos com as pessoas vai ser fundamental para reorganizar o mundo dos negócios. Agora, o trabalho vai acontecer aonde a gente estiver.
O profissional também vai precisar aprender a lidar com situações novas, adquirir outras habilidades. Marcondes explica que vão valorizar muito o protagonismo das pessoas, portanto, cada um deve buscar novas formas de aprendizado, de colocar isso em prática de maneira diferente. Aquelas pessoas muito “quadradinhas, muito rígidas” talvez tenham dificuldade no mercado de agora em diante.
No entanto, não há receita de bolo, afirmam os especialistas. Mas o diferencial do líder do futuro vai estar em se aproximar das pessoas, conhecer de perto as necessidades e sonhos, os níveis de maturidade de cada profissional para poder liderá-lo de maneira personalizada.
E não precisa se cobrar tanto para não errar, explica Marcondes. De acordo com ele, todo mundo está aprendendo junto. Vai ser normal errar, e tudo bem! É preciso aceitar essa realidade, entender que não tem problema você estar numa reunião e, de repente, o filho subir no colo, o cachorro latir. Quanto mais se acolhe essa realidade, mais as pessoas se sentem confortáveis para serem elas mesmas.
Um dos grandes segredos das melhores empresas para se trabalhar é a possibilidade de ser você mesmo, porque assim consegue se conectar com o que acredita, com o propósito da empresa. Isso gera o sentimento de pertencer, orgulho em fazer parte. O especialista da Great Place to Work Educação aproveita para compartilhar cinco dicas de ouro para as lideranças do futuro:
Para finalizar, Marcondes destaca que as empresas que colocarem o ser humano no centro vão ter diferenciais. Ele lembra a seguinte frase: “não adianta empresas com ambientes cool, paredes coloridas se as pessoas são cinzas”.
* Conteúdo produzido pela Visão Estratégica Comunicação (www.visaoestrategica.com.br)
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Arquiteta, pós-graduada em Arquitetura de Interiores, se especializou em Projetos para Ambientes de Trabalho na escola alemã Mensch&Büro Akademie.
Única profissional no Brasil com a certificação “Quality Office Consultant”.
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